sábado, 6 de junho de 2009

A Caminho de Mim.


Daqui a um mês, certo, estarei em casa da minha mãe.

A encher a boca o mais que posso com o amor salgado e doce, apurado e macio que por esta hora já ela deve estar a engendrar, com a lagrimita costumeira no canto do olho.
É uma lagrimita de mimo, mais do que de saudade. É de saudade, claro, mas o menos óbvio é ser mais de mimo. Pois é assim a minha mãe.
A lágrima que ela chora agora é de alegria muda, como a vergonha de uma criança apanhada que esconde um segredo, porque a distância, do tempo e da terra, é um enorme nada quando posta ao lado do amor que ela sabe que a sua para sempre cria traz por si. Como se dissesse e lamentasse, como se protestasse e amuasse, mas que no fundo sorri feliz, pois sabe que as coisas serão sempre como são e não mudarão.

É uma sensação que restabelece e reequilibra. A noção cada vez mais concreta e menos vaga da saída. Como se o raciocínio claro começasse a acordar de uma longa hibernação, de um hipnotismo necessário à sobrevivência mas caro à vontade e ao carácter.

Um mês. Espera-me com um pedaço de terra para eu beijar.

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